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Relevância da Indústria 4.0 e transição climática no SI Inovação

02 07 2021 PT2030 | Investimento e Financiamento
Relevância da Indústria 4.0 e transição climática no SI Inovação

Com a abertura de um novo aviso do SI Inovação fazemos uma análise à relevância que a Indústria 4.0 e Transição Climática têm na avaliação do mérito do Programa.

Segundo informação da Autoridade de Gestão do COMPETE 2020, a 30 de abril verificava-se uma taxa de compromisso dos Sistemas de Incentivos (SI) destinados às empresas do Portugal 2020 de 146,6%, uma taxa de pagamento de 82% e uma taxa de execução de 72,2% em relação à dotação indicativa de 4382 M€. Apesar desta taxa de compromisso abriu mais um, o último aviso para o Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva. São 400 M€ de incentivo, a que se juntará outro tanto de financiamento bancário, o que implicará cerca de 1,7 mil M€ de investimento.

O que esperar neste aviso ?

O SI Inovação, analisando quer as grandes quer as pequenas e médias empresas, tem uma taxa de aprovação histórica inferior a 40%. Por outro lado, nos últimos avisos, verificou-se o fecho antecipado dos avisos por insuficiência de orçamento. Importa ponderar estes dois dados ao preparar o plano de investimento, quer no que diz respeito ao calendário de preparação da candidatura, quer no que diz respeito à análise dos critérios de avaliação O calendário mostra urgência na decisão para não perder esta última oportunidade. De notar que a abertura deste aviso foi noticiada há alguns meses e apenas se concretizou agora. Talvez valha a pena apostar neste aviso e não ficar à espera do próximo, já no novo Portugal 2030, porque não podemos adivinhar quão atrasado pode estar. E quanto ao PRR as primeiras aberturas e alguns dos formatos identificados no plano mostram alguma dependência de definição por terceiros, como as associações, por exemplo, tornando pouco independente a decisão no que diz respeito aos setores e investimentos a enquadrar. A análise aos critérios de avaliação mostra necessidade de dar atenção a todos os parâmetros e à qualidade geral do projeto para maximizar a pontuação.  A primeira pergunta a responder deve ser: o meu plano de investimento está totalmente alinhado com a estratégia da minha empresa, cobre todas as áreas de competitividade críticas para o meu negócio, e está enquadrado com as políticas setoriais? Igualmente determinante é a resposta à pergunta sobre o grau e amplitude da inovação preconizada pelo projeto. Mas obviamente não se podem descurar as questões sobre internacionalização, criação de emprego qualificado e criação de valor, e enquadramento nas estratégias regionais. Resumindo, e respondendo à pergunta acima, neste aviso devemos esperar exigência e ambição. Talvez valha a pena ter apoio especializado!

A Indústria 4.0 é relevante para o projeto?

A Indústria 4.0 pretende facilitar a implementação das "Fábricas Inteligentes". Com as suas estruturas modulares, os sistemas ciber-físicos monitorizam os processos físicos, criam uma cópia virtual do mundo físico e tomam decisões descentralizadas. Com a internet das coisas, os sistemas ciber-físicos comunicam e cooperam entre si e com os humanos em tempo real, e através da computação em nuvem, interagem com todos os participantes da cadeia de valor. Ou seja, o conceito não se restringe à automatização e robotização e ao controlo eletrónico de processos e gestão, mas implica a implementação inteligente de redes que ligam equipamentos com equipamentos e equipamentos com pessoas. A Indústria 4.0 vai contribuir para a personalização de produtos e serviços, com base em novos dados, no quadro da criação de novas cadeias de valor, novos modelos de negócio e de novas tecnologias. Neste contexto, o relacionamento com procuras segmentadas, o planeamento eficiente dos recursos mobilizados e o sistema integrado de monitorização e controlo da produção ganham um peso decisivo. A lista de tecnologias passíveis de contribuir para a Indústria 4.0 é extensa:

  • Sistemas avançados de informação: Infraestrutura digital, Inteligência artificial e algoritmos preditivos, Análise avançada de dados, Cloud computing, Cibersegurança;
  • Conetividade entre sistemas, equipamentos, produtos e pessoas: Sensores avançados e IoT, Operação remota, Realidade aumentada, Máquinas inteligentes;
  • Sistemas avançados de produção: Produtos e materiais avançados e conectados, Operações modulares, Produção aditiva, Robôs autónomos.

Concluindo, e respondendo à questão, sim, a Indústria 4.0 é relevante para a economia portuguesa, para a transformação digital do País e, já agora, contribui quer para a avaliação positiva do mérito do projeto, quer com uma majoração ao incentivo de 5%.

E qual o impacto da Indústria 4.0 na Inovação?

Na generalidade dos setores de atividade para obterem enquadramento na indústria 4.0 os projetos deverão integrar tecnologias core i4.0, conjugando novos investimentos nos domínios tecnológicos identificados com capacidades tecnológicas já existentes na empresa, visando desenvolver:

  • Inovação no produto através de maior rapidez no desenvolvimento, através da aplicação de modelos de simulação ou prototipagem usando produção aditiva, produtos e serviços conectados e inteligentes, de customização do produto às necessidades dos clientes, e da integração de fluxos de informação entre o mercado e a produção;
  • Inovação de processo, aumento de produtividade e flexibilidade produtiva e logística através da utilização de sistemas autónomos, modulares e conetados, suportados no processamento e análise avançada de dados, em algoritmos preditivos ou inteligência artificial;
  • Inovação organizacional ou de marketing, usando modelos organizacionais suportados em sistemas de análise avançada de dados ou inteligência artificial, bem como através da adoção de novos modelos de negócio suportados na partilha de conhecimento ou práticas e modelos económicos apoiados em comunidades de utilizadores ou em cadeias de valor distribuídas.

E a transição climática?

Enquadram-se nesta política setorial os investimentos que concretizem uma estratégia conducente à adoção dos princípios da economia circular, como os seguintes, por exemplo:

  • Processos e produtos menos intensivos em recursos: materiais renováveis e recicláveis ou de base biológica, com menor perigosidade e risco; reutilização de materiais;
  • Modularização dos componentes, permitindo fácil desmontagem, recuperação, reaproveitamento e triagem em fim de vida;
  • Definição de critérios de reciclagem, reutilização e extensão de ciclo de vida, tendo em conta possíveis aplicações úteis de subprodutos e resíduos;
  • Modelos de produção mais eficientes e limpos, produzindo mais, ao menor preço, com menos recursos, menos resíduos e menor impacto sobre o ambiente;
  • Partilha de infraestruturas, equipamentos de uso comum ou seu aluguer e outros serviços comuns;
  • Potenciar a manutenção, reparação, recondicionamento e remanufatura de produtos;
  • Utilização de materiais provenientes de fluxos específicos de resíduos ou processos de fabricação a partir de resíduos /subprodutos;
  • Substituição de serviços físicos por equivalentes virtuais, plataformas de partilha e aluguer que maximizem a produtividade de equipamentos e conservem recursos;
  • Utilização, ou produção para autoconsumo, de energias renováveis nos processos produtivos da empresa;
  • Otimização de eficiência energética nas empresas;
  • Utilização de biomassa florestal, proveniente de resíduos, limpezas ou desbastes;
  • Reconversão de veículos e frotas, para que passem a utilizar como combustível o gás natural ou para veículos elétricos;

Em sede de candidatura deverão ser identificados os objetivos a atingir em termos de ecoeficiência, expressos em redução de emissões de CO2, redução do consumo energético, redução do consumo de água por unidade de produto, ou outros que sejam justificados como relevantes neste âmbito, que caracterize a situação pré e pós projeto.

Tem um projeto inovador?

A nossa equipa começa por analisar o enquadramento no aviso e nos critérios de avaliação do mérito, incluindo as políticas setoriais. Para a preparação da candidatura pode contar com a fundamentação completa:

  • Análise estratégica, 
  • Análise de mercado, 
  • Análise da concorrência, 
  • Justificação e fundamentação do investimento nas opções estratégicas,
  • Justificação e fundamentação do investimento nas prioridades setoriais,
  • Estudo de viabilidade económico-financeira.

E quando o projeto for aprovado pode continuar a contar com a assessoria da nossa equipa para maximizar o incentivo a receber. Porque dar o salto passa por investir em inovação.

 

Célia Esteves Diretora de Sistemas e Processos, Yunit Consulting

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