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Alterações Climáticas: Desafios e Oportunidades para as PME

28 11 2024 PT2030 | Consultoria de Gestão Sónia Pereira | Consultora de Processos e Sustentabilidade
Alterações Climáticas: Desafios e Oportunidades para as PME

Alterações Climáticas – O que são? Que medidas podem ser tomadas por uma PME para a sua mitigação e adaptação, sem comprometer a sua sustentabilidade financeira?

Esta temática tem estado cada vez mais na ordem do dia das empresas por força das implicações económicas das catástrofes naturais nas suas cadeias de valor, das exigências regulamentares e por exigências dos Clientes na demonstração de práticas sustentáveis.

É por isso importante perceber em que consistem as alterações climáticas e de que forma as PME podem contribuir para a sua mitigação e adaptação, contribuindo assim para as metas internacionais estabelecidas, sem que a sua sustentabilidade financeira esteja comprometida.

 

// O que são alterações climáticas?

Mudanças significativas e duradouras nos padrões climáticos da Terra que persistem por longos períodos. As alterações climáticas sempre existiram e o planeta Terra tem estado sujeito a eras glaciares, intercaladas por períodos mais quentes, em intervalos de milhares de anos.

 

// O que provoca as alterações climáticas?

O aumento da concentração de gases com efeito estufa (GEE) como por exemplo, dióxido de carbono, metano, óxido nitrosos, dióxido de enxofre, clorofluorcarbonetos e hidrofluorcarbonetos.

Causas naturais como por exemplo, alterações na exposição solar e atividade vulcânica podem igualmente influenciar o clima do planeta, no entanto, estima-se que estas causas tenham contribuído com menos de 0,1 °C para o aquecimento total registado entre 1890 e 2010.

Isto demonstra que a atividade humana é a principal causadora da emissão de GEE pois o aumento da sua concentração na atmosfera tem sido mais significativo após a Revolução Industrial, o que origina a intensificação do efeito de estufa e, consequentemente, o aumento da temperatura média da Terra assistindo-se a uma mudança nos padrões climáticos a um ritmo mais intenso e acelerado.

 

// Como são emitidos os GEE?

  • Queima de carvão, petróleo ou gás - produz dióxido de carbono e óxido nitroso;
  • Desflorestação - as árvores ajudam a regular o clima absorvendo o CO2 presente na atmosfera. Quando são abatidas, esse efeito benéfico desaparece e o carbono armazenado nas árvores é libertado para a atmosfera, reforçando o efeito de estufa;
  • Aumento da atividade pecuária - a digestão dos alimentos ingeridos pela produção intensiva de animais (p.e. gado) produz grandes quantidades de metano;
  • Fertilizantes que contêm azoto - produzem emissões de óxido nitroso;
  • Gases fluorados - são emitidos pelo equipamento e produtos que os utilizam. Têm um efeito de aquecimento muito acentuado, que chega a ser 23 000 vezes superior ao do CO2.

 

// Quais as consequências das alterações climáticas que estamos a vivenciar, nomeadamente, o aumento crescente da temperatura média da Terra?

  • Aumento do nível do mar;
  • Extinção de espécies;
  • Alterações nos padrões de precipitação;
  • Intensificação de eventos climáticos extremos;
  • Impactos na agricultura e segurança alimentar;
  • Efeitos na saúde humana;
  • Aumento do n.º de refugiados climáticos.

O aumento destes eventos pode desencadear um efeito dominó em toda a cadeia de valor devido à conexão complexa dos sistemas de produção e distribuição globais.

Quando uma catástrofe natural ocorre, ela afeta diretamente a produção e a infraestrutura local e essas consequências rapidamente se propagam para a escassez de matérias-primas, para atrasos nas entregas e aumento dos custos logísticos, e para a escassez de produtos, levando a um aumento generalizado de preços.

 

// O que está a ser feito para combater as alterações climáticas?

Esforços globais, como o Acordo de Paris, foram estabelecidos em 2015, visando limitar o aumento da temperatura global abaixo de 2°C, preferencialmente a 1,5°C, em relação aos níveis pré-industriais.

Este acordo requer que todos os países tomem medidas de mitigação e da adaptação às alterações climáticas.

Medidas de mitigação (redução) que se focam nas causas das alterações climáticas:

  • Eficiência energética;
  • Utilização de energias renováveis;
  • Eletrificação de processos industriais;
  • Eficiência dos transportes;
  • Mercados de carbono.

Medidas de adaptação que se focam na resposta aos impactos das alterações climáticas:

  • Localização de infraestruturas em zonas mais seguras;
  • Renovação da paisagem (renovação natural e reflorestação);
  • Disponibilização de culturas flexíveis e variadas em caso de catástrofe;
  • Investigação e adaptação a potenciais catástrofes;
  • Medidas de prevenção (planos de evacuação, planos de contingência, etc.).

Decorreu em novembro, a COP29, em Baku, Azerbaijão, que teve como principais objetivos:

  • Estabelecer uma nova meta de financiamento climático global, substituindo o acordo anterior de US$ 100 bilhões anuais;
  • Focar nas negociações sobre financiamento climático, sendo chamada de "COP do financiamento" ou “Cimeira das Finanças”;
  • Incentivar os países a lançarem as bases para planos nacionais mais fortes na redução de emissões de GEE;
  • Manter o foco na redução de emissões de GEE para limitar o aumento da temperatura global abaixo de 1,5°C;
  • Promover maior colaboração entre os países para acelerar a transição energética;
  • Aumentar a ambição dos compromissos climáticos dos países.

 Como resultado, o projeto final prevê a alocação de cerca de 300 mil milhões de dólares anuais até 2035 para ajudar os países em desenvolvimento a combater as alterações climáticas por via do abandono dos combustíveis fósseis. 

// Que tipo de apoios existem para as Pequenas e Médias Empresas (PME) para a implementação destas medidas de mitigação e adaptação?

Encontra-se em vigor o Sistema de Incentivos à Transição Climática e Energética (SITCE) no âmbito do Portugal 2030 (PT2030) que oferece várias opções, entre as quais:

  • Projetos de eficiência energética e descarbonização: Estes projetos visam a redução de consumos de energia e de emissões de gases com efeito de estufa. Incluem a substituição, adaptação ou introdução de equipamentos, processos e tecnologias de baixo carbono, bem como a incorporação de fontes de energia renovável;
  • Projetos de investimento produtivo verde: Focam-se no desenvolvimento de novos produtos, processos e serviços de baixo carbono e inovadores. Estes projetos promovem a sustentabilidade, a redução do consumo de recursos e o incremento da introdução de materiais recuperados nos processos produtivos;
  • Projetos simplificados de "Qualificação Verde das PME": Esta tipologia permite a implementação de medidas de sustentabilidade nomeadamente: implementação de novos métodos organizacionais que promovam a sustentabilidade, otimização de processos logísticos para reduzir o impacto ambiental, adoção de tecnologias digitais que contribuam para a eficiência energética e redução de emissões, desenvolvimento de produtos, serviços e processos mais sustentáveis, obtenção de certificações relacionadas com a gestão ambiental e energética, incorporação de princípios de design sustentável no desenvolvimento de produtos e aquisição de conhecimentos e tecnologias para melhorar o desempenho ambiental.

O SITCE representa assim uma oportunidade significativa para as PME que desejam investir na transição climática e energética, oferecendo apoio financeiro para projetos que contribuam para os objetivos de sustentabilidade e eficiência energética de Portugal.

 


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Última atualização: 28 de novembro de 2024

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