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Quais os indicadores do Sistema de Inovação em que Portugal mais tem de investir?
Após termos analisado o Sistema de Inovação português à luz dos critérios do European Innovation Scoreboard, EIS, verificámos que o grupo de indicadores em que Portugal mais se destaca pela negativa é na dimensão da sustentabilidade ambiental, com um valor de 27% da média europeia.
Relembramos que o EIS fornece uma avaliação comparativa do desempenho dos Estados Membros da UE, e de países terceiros selecionados, em matéria de investigação e de inovação. Inclui os pontos fortes e fracos de cada país, ajudando-os a avaliar os domínios nos quais devem concentrar esforços para melhorar o seu desempenho no âmbito da inovação. Portugal é “Inovador Moderado”.
Será que o Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva no âmbito do Portugal 2030 contribui para melhorar os indicadores da Sustentabilidade Ambiental do EIS? Quais os indicadores da dimensão da Sustentabilidade Ambiental do EIS?
A Sustentabilidade Ambiental inclui 3 indicadores:
Quais os investimentos enquadrados na política setorial “Transição Climática” do Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva?
Enquanto política setorial considera-se que, ao nível da Transição Climática, o investimento deverá concretizar uma estratégia conducente à adoção dos princípios da economia circular, em algum dos seguintes âmbitos:
Como é avaliado o impacto destes investimentos?
Para cada um dos investimentos tem de se apresentar a fundamentação do seu contributo para o cumprimento dos seguintes indicadores de acompanhamento:
Estes indicadores são avaliados no ano cruzeiro, ou seja, no 3.º ou 2.º exercício fiscal completo após o fim da realização física e financeira do investimento, dependendo se estamos, ou não, perante um projeto do setor do turismo.
Qual o contributo da “Transição Climática” para a avaliação do projeto de investimento? E para o Incentivo?
Incluir investimento no âmbito da política setorial “Transição Climática” tem um impacto direto de 0,1 pontos no mérito, ou seja, 2% dos 5 valores possíveis.
Com a relevância crescente deste tema é expectável que o efeito no mérito do projeto se possa considerar também na avaliação da qualidade do projeto, ou seja, na coerência e adequação do projeto e do plano de investimentos face ao diagnóstico de necessidades e aos objetivos.
Complementarmente, a taxa de financiamento dos projetos pode ser majorada em 5% se este incluir investimentos em áreas que contribuam de forma relevante para os objetivos da transição climática.
Há correspondência entre a Sustentabilidade Ambiental do EIS e a política setorial “Transição Climática”?
Os indicadores considerados no âmbito da política setorial ”Transição Climática” avaliam o contributo para 2 dos indicadores considerados pelo EIS para a avaliação da sustentabilidade ambiental. Verifica-se correspondência quanto à produtividade dos recursos e às emissões atmosféricas; mas não se verifica uma quantificação direta dos impactos no âmbito do desenvolvimento de tecnologias relacionadas com o ambiente.
E será suficiente?
Na comparação com o Portugal 2020, o impacto no mérito do Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva do Portugal 2030 passou a ser discriminado por política setorial. Ou seja, enquanto no Portugal 2020 a Transição Climática não era considerada de forma individualizada para a avaliação dos projetos, no Portugal 2030 os investimentos no âmbito da Transição Climática contam de forma autónoma com 0,1 pontos para o mérito. No entanto, perante a relevância do tema, parece escasso o contributo destes investimentos no mérito.
A majoração no incentivo é uma boa forma de incentivar investimentos no âmbito da Transição Climática, estando, no entanto, limitado pelo máximo das majorações.
Adicionalmente, não está, ainda, claro, o impacto da avaliação dos indicadores de acompanhamento no âmbito da “Transição Climática”.
Conclui-se que, com a informação disponível, parece escasso o impacto do Sistema de Incentivos à Inovação Produtiva do Portugal 2030 nos indicadores da sustentabilidade ambiental do EIS. Para este efeito, teremos de maximizar o uso dos Sistemas de Incentivos no âmbito do PRR, já que este tem objetivos muito concretos no âmbito ambiental.
Célia Esteves | Diretora de Sistemas e Processos
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