Contact us for more information

I want to be contacted
Knowledge Blog

Como está o Sistema de Inovação português?

12 05 2023
Como está o Sistema de Inovação português?

O que é o European Innovation Scoreboard - EIS? Para que serve?

O EIS fornece uma avaliação comparativa do desempenho dos Estados Membros da UE, e de países terceiros selecionados, em matéria de investigação e de inovação. Inclui os pontos fortes e fracos de cada país, ajudando-os a avaliar os domínios nos quais devem concentrar esforços para melhorar o seu desempenho no âmbito da inovação.

O EIS 2022 inclui 32 indicadores de desempenho, distribuídos por 12 dimensões da inovação em quatro categorias:

  1. Contexto - principais motores do desempenho da inovação externos à empresa: recursos humanos, sistemas de investigação atrativos e digitalização;
  2. Investimento - tanto no setor público como no setor empresarial: financiamento e apoio, investimentos das empresas e utilização das tecnologias de informação;
  3. Atividades de inovação - incorpora diferentes aspetos da inovação no setor empresarial e inclui três dimensões; inovadores, ligações e ativos intelectuais;
  4. Impacto - efeitos das atividades de inovação das empresas, medindo os impactos no emprego, nas vendas e na sustentabilidade ambiental.

Estes 32 indicadores resultam numa classificação dos Estados Membros num de 4 grupos conforme a pontuação média obtida nesses indicadores. Em 2022 obteve-se a seguinte distribuição:

  1. Líderes em inovação - inclui 5 países com desempenho acima de 125% da média europeia: Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Países Baixos e Suécia;
  2. Fortes inovadores - inclui 6 países com desempenho entre 100% e 125% da média europeia: Áustria, Chipre, França, Alemanha, Irlanda e Luxemburgo;
  3. Inovadores Moderados - inclui 9 países com desempenho entre 70% e 100% da média europeia: Chéquia, Eslovénia, Espanha, Estónia, Grécia, Itália, Lituânia, Malta e Portugal;
  4. Inovadores emergentes - inclui 7 países com desempenho abaixo de 70% da média europeia: Bulgária, Croácia, Hungria, Letónia, Polónia, Roménia e Eslováquia.

 

Quais são os principais fatores que contribuem para a inovação?

Os países mais inovadores têm geralmente um melhor desempenho num conjunto de âmbitos de inovação. Para atingir um nível elevado de desempenho inovador, os países precisam de um sistema de inovação equilibrado e com um bom desempenho em todas as dimensões. Precisam de um nível adequado de investimento público e privado na educação, na investigação e no desenvolvimento de competências, de parcerias de inovação eficazes entre empresas e com o meio académico, bem como de um ambiente empresarial propício à inovação, incluindo infra-estruturas e competências digitais sólidas. Estes domínios-chave correspondem às dimensões e aos indicadores utilizados no EIS.

O que quer dizer Portugal ser “Inovador moderado”?

Portugal é um Inovador Moderado com um desempenho de 85,8% da média da UE. O desempenho é inferior à média dos Inovadores Moderados (89,7%). O desempenho aumentou (6,4% pontos) a um ritmo inferior ao da UE (9,9% pontos). A diferença entre o desempenho do país e o da UE está a aumentar.

Quais os pontos fortes do Sistema de Inovação Português?

O EIS de 2022 mostra Portugal bem acima do índice europeu nas seguintes categorias, âmbitos e indicadores, que representam, também, fortes aumentos em relação a 2015:

- Contexto

  • Recursos Humanos - População entre 25 e 34 anos com ensino superior - mostra a capacidade de fornecer às entidades do Sistema de Inovação mão de obra qualificada;
  • Atratividade do sistema de investigação - Estudantes de doutoramento estrangeiros - reflete a mobilidade de estudantes como um meio eficaz de difundir conhecimento; a atração de estudantes de doutoramento estrangeiros garantirá um fornecimento contínuo de investigadores;
  • Digitalização - Penetração da banda larga - a concretização do pleno potencial electrónico da Europa depende da criação de condições para o êxito do comércio electrónico e da Internet de banda larga;

- Investimento

  • Financiamento e apoio - Apoio governamental à I&D das empresas - dados corroborados pelo aumento, por exemplo, dos valores de benefício fiscal solicitado pelas empresas, no âmbito do SIFIDE, de 770 Milhões de euros em 2020;

- Atividades de inovação

  • Ligações - Co-publicações público-privadas - resultado de projetos em consórcio, por exemplo.

 

E em que âmbitos é necessário intervir?

Os responsáveis políticos portugueses precisam de tomar ações para inverter significativamente os resultados do EIS nos seguintes âmbitos, já que, além de terem valores muito abaixo de 70% da média europeia, representam reduções significativas em relação a 2015: 

- Investimento 

  • Financiamento e suporte - Capital de Risco - em especial para as empresas que utilizam ou desenvolvem novas tecnologias (de risco), o capital de risco é frequentemente o único meio disponível para financiar a expansão da sua atividade, sendo, por isso, um indicador do dinamismo relativo da criação de novas empresas; Será expectável que as iniciativas no âmbito do PRR se concretizem em mais capacidade de dinamizar este tipo de capitalização das novas empresas.
  • Investimento empresarial - Despesas de I&D, inovação não I&D e inovação por trabalhador - investimento em equipamento e maquinaria e a aquisição de patentes e licenças, medem a difusão de novas tecnologias de produção e ideias e são determinantes para aumentar a produtividade das empresas e a capacidade de converter o investimento em I&D em verdadeiras inovações, ou seja, produtos diferenciadores no mercado. Verifica-se que apesar do investimento das empresas em I&D ter aumentado consistentemente e consideravelmente, como corroborado pelo IPCTN de 2021, em que se verifica que, pela primeira vez se atingiu 1% do PIB, representando 2,1 mil milhões de euros, os indicadores de investimento em I&D empresarial e inovação estão abaixo de 70% da média europeia e têm fortes reduções em relação a 2015. Continua a ser determinante existirem incentivos para aumentar o investimento em I&D e inovação por parte das empresas.

- Atividades de inovação

  • Ligações - PME inovadoras colaborativas - mede o grau em que as PME estão envolvidas em cooperação em matéria de inovação. As inovações complexas, em particular no domínio das TIC, dependem frequentemente da capacidade de recorrer a diversas fontes de informação e conhecimento ou de colaborar no desenvolvimento da inovação. Apesar de termos bons indicadores no que diz respeito às publicações colaborativas, continuamos a ter PME com dificuldade em colaborar com outras entidades. Parece relevante incorporar critérios de avaliação que valorizem projetos com este tipo de colaborações.

- Impacto - Sustentabilidade ambiental - Tecnologias relacionadas com o ambiente, Emissões atmosféricas de partículas finas e Produtividade dos recursos - a sustentabilidade ambiental está cada vez mais na ordem do dia, mas as ações para a redução dos impactos negativos no ambiente ainda não estão nas prioridades portuguesas. Será expectável que os incentivos PRR a investimentos no âmbito da eficiência energética e descarbonização sejam reforçados e que este âmbito de análise passe a fazer parte da avaliação dos projetos de investimento no Portugal 2030.

E como dar a volta?

Os resultados de 2022 mostram redução de investimento em relação ao ano anterior, em alguns âmbitos. Assim, faz sentido começar por recuperar o investimento de 2021. As políticas podem passar por atribuir mais benefícios fiscais ou incentivos financeiros ao investimento em I&D e Inovação, vinculados a estes indicadores de resultados. Esperemos que as agendas mobilizadoras do PRR se concretizem como contributos relevantes para os pontos fracos do Sistema de Inovação português já que proporcionarão incentivos financeiros a projetos que terão com resultado inovações de produto ou processo, a introduzir no mercado até ao final de 2025, suportadas em atividades de I&D. Os indicadores de resultados destes projetos têm em conta, por exemplo, o emprego tecnológico, e as inovações tecnológicas introduzidas no mercado, parecendo dar uma resposta direta aos pontos fracos identificados no EIS.

Autora do textoCélia Esteves | Diretora de Sistemas e Processos

Subscribe to the Newsletter

Subscribe to the Newsletter

Keep up to date with news on investment incentives and tax benefits and qualified information for your company's financial management decisions.